uma ode a quem amei
sei os sitios de ti. foi como o céu vazio
uma morte onde eu morei
são lábios de marfim que me tocam junto ao rio
e o sol põe-se no teu rosto
enquanto a doença corre e eu me apoio no teu dorso
fodemos só um pouco. morremos mais um pouco
mata o meu corpo...
fechar os olhos até bater. fechar os olhos para bater
até que o tempo abrande e eu sinta o sangue a ferver
tudo é violeta excepto os teus cabelos...
tudo é violência mesmo os teus segredos...
ficas linda com martini e eu quero que o corpo dance...
somos tão linda martini e o teu corpo range
fodemos à luz das velas, fodemos à luz da noite
morremos ao som da estrelas, morremos ao som do mar
e vou morrendo ao som do corpo. do teu corpo
nada tenho se não tempo para nos imaginar
na cama do hospital. amor consigo ouvir-te
preencheste o meu silêncio com gemidos... ouviste?
nada nos separa quando o caos é firme
lábio sem mordaça é como um gládio em riste
o amor que se declara num rosnar ambíguo
cai no meu abraço e vem pôr algo em risco
(cai dentro de mim...)
a noite esvaziou-se e esvaziou as nossas camas
tenho tanto para dizer mas sem forma de o fazer amor
depois da noite até o danúbio tem montanhas
usamos a nossa lingua para bem mais do que mentir amor
o céu parou ao teu gemido
encho a cama de memórias e de ti
para ti que foste embora. tal carnaval da dor
dos corredores onde houve pássaros entre nós
a tristeza em toda a sua beleza
sou presa.